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O texto original de Nicolau Maquiavel “A Mandrágora”, escrito em 1503, nos traz reflexões críticas a respeito de temas comuns em todos os tempos na história da humanidade por meio de uma comédia leve sobre o comportamento humano e seus interesses mais íntimos: a luxúria, a ganância, as instituições familiares e o papel da mulher, a Igreja e a religiosidade.

A versão dessa estória de Nicolau Machiavel foi intitulada “A Mandioca Brava”, sendo que em nada pretende ferir os princípios apresentados pelo autor, apenas tenta aproximar um pouco mais a adaptação do público através de uma linguagem mais popular e a atualização dos temas apresentados.

A atualidade apresentada pelo texto A Mandrágora de Maquiavel, incentivou a realização dessa empreitada que repete uma parceria entre o produtor Marko Novaez e diretor Yuri Simon, trabalho que teve inicio com a montagem do espetáculo “Avarento” também uma adaptação amineirada da obra de Molière transposta para o final do século XVIII em Vila Rica término do ciclo do ouro.

A concepção dessa proposta de montagem calca-se principalmente na cultura popular mineira. Um processo de hibridismo cultural que conjuga iconografias e a musicalidade em interpretações populares. A adaptação foi proposta para que a estória transcorra temporalmente no presente, em alguma cidade do interior de Minas Gerais, onde a proposta é trazer para cultura popular mineira toda ironia e humor apresentado pelo autor.

A estética de montagem inspirou a construção de elementos visuais e sonoros dessa cultura, além do artesanato, vestuários, arte e costumes sociais.

A preparação do elenco, realizada pela preparadora de elenco Iolene Di Stéfano, teve como suporte principalmente o trabalho do Bufão (também utilizada nos circos populares que rodavam nosso país) e as matrizes mistas de animais, numa construção antropozoomórfica inspirado nas esculturas de cerâmica do artista popular mineiro Ulisses Pereira Chaves, mas presentes também em inúmeras cerâmicas e nas carrancas usadas nos barcos do Rio São Francisco.

A trilha sonora original composta por Leo Mendonza, tocada e cantada ao vivo pelos atores, mesclou elementos de canções populares e regionais, realizando um passeio por sonoridades e canções de vários estilos representantes da diversidade cultural de nosso estado (uma curiosidade interessante é saber que o próprio Maquiavel, no texto original de A Mandrágora, propõe letras de canções para que as mudanças de ato – onde algum tempo transcorra – ocorressem de forma mais harmônica).

A Cenografia de Heleno Polisseni utiliza-se, de forma não naturalista, da iconografia presente no artesanato e na arquitetura interiorana de Minas Gerais, e pretende não só ambientar, mas envolver o espectador por todos os lados e, através da concepção de encenação, dispõe as cenas por todo espaço do teatro, além de também colocar parte dos espectadores dentro do palco em uma formação espacial semelhante a uma arena.

No início do espetáculo os espectadores são encaminhados pelos atores para dentro do teatro em um cortejo onde se deparam com a configuração de uma praça de uma pequena cidade do interior, os portais dão passagem ao mesmo tempo a diversos lugares sugeridos pelo texto.

Os Figurinos são do artista plástico Alexandre Colla e trazem elementos artesanais, como a cestaria, bordados, pedrarias, sementes, crochê, tricô, rendas e tecidos rústicos de fibra natural (teares) típicos da cultura mineira para composição da vestimenta de cada personagem, utilizando esses elementos oriundos do artesanato mineiro de forma inusitada, de maneira quase alegórica e não naturalista.

A Maquiagem é inspirada na pintura das cerâmicas do Vale do Jequitinhonha, com concepção de Yuri Simon e colaboração de Alexandre Colla, Anderson Matos e de todo elenco.

A versão para a montagem de “A Mandioca Brava” foi construída especialmente para ocupação do teatro da Spetáculo Casa de Artes, mas possui uma configuração cênica preparada também para ser apresentada na rua, levando para mais próximo do grande público, com a mesma qualidade a encenação.


A peça está em cartaz na Casa de Artes Spetáculo, Rua Pouso Alegre, 1568 – Santa Teresa Belo Horizonte – Minas Gerais, Telefone: (31) 3481 1670, até o dia 08 de dezembro de 2013 nas Sextas e Sábados às 21:00h e domingos às 20:00h.

Acesse o site e saiba mais sobre a peça: http://ingleza.com.br/spetaculo/index.php/events/a-mandioca-brava/

Edição: Heloisa Santos
Fotografia: Heloisa Santos

One Response

  • laudigeriooutubro 29, 2014 at 14:10 

    Espetacular. Ate hjnunca tinha assistido uma peça tao ótima ! Parabens aos atores e cia !

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